O Conselho Português para a Paz e Cooperação aceitou o convite dos "Pioneiros de Portugal" para falar da Paz às crianças e jovens que participaram no seu acantonamento da Primavera, que decorreu em Alcochete.
Aprovada e promulgada em 2 de Abril de 1976, a Constituição da República Portuguesa incorporou os direitos políticos, económicos, sociais e culturais alcançados pelo povo português com a Revolução de Abril. Atacada desde o primeiro dia e mutilada em diversos aspectos centrais com as várias revisões entretanto efectuadas, ela continua, hoje, a conter uma visão avançada e progressista de um país com democracia, progresso e justiça social num mundo de Paz, cooperação e amizade entre todos os povos.
Valorizando esta importante conquista de Abril, o CPPC chama a atenção para a necessidade de defender a Constituição da República Portuguesa e exigir dos governos a sua concretização plena. Perante as ameaças que a situação internacional apresenta, o CPPC reafirma a actualidade e validade dos três primeiros pontos do seu artigo 7.º, apelando a todos os defensores da Paz para que os dêem a conhecer e os tomem como seus:
«1. Portugal rege-se nas relações internacionais pelos princípios da independência nacional, do respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais, da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados e da cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade.
«2. Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.
«3. Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito à insurreição contra todas as formas de opressão.»
Por Frederico Carvalho, Vice-presidente do Conselho Executivo da Federação Mundial de Trabalhadores Científicos e membro da Presidência do CPPC
Olhando para trás, para um tempo histórico recente, pode dizer-se que o despertar de uma consciência colectiva da responsabilidade social associada ao conhecimento científico, radicou em larga medida na perspectiva da utilização militar do “fogo atómico” ― chamemos-lhe assim ― que se tornou real num curto espaço de tempo, com o homicídio em massa da população civil de Hiroshima e Nagasaki, dificilmente justificável no plano militar mas de grande interesse para os seus mentores, como ensaio real, “no terreno”, da operacionalidade, capacidade destrutiva e efeitos colaterais dos explosivos nucleares.
Foi na alvorada desse processo histórico de domínio do referido “fogo atómico” pelo homem, que se levantaram as vozes de alguns dos mais eminentes homens de ciência de então, alertando para os riscos para a própria sobrevivência da espécie que a utilização da energia nuclear para fins militares trazia consigo. Um desses homens foi Frédéric Joliot-Curie, herói da resistência francesa ao invasor nazi e pacifista convicto, primeiro presidente do Conselho Mundial da Paz, co-fundador, em 1946, da Federação Mundial dos Trabalhadores Científicos que prossegue hoje, passadas quase sete décadas, o mesmo combate pala Paz. Em certa altura da sua vida, Albert Einstein exprimiu o sentimento de que “a libertação da energia do átomo tudo mudou excepto a nossa forma de pensar (…)”. Em 1955, em plena “guerra fria”, poucos meses antes de morrer afirmou: “Cometi na minha vida um grande erro (…) quando assinei a carta para o Presidente Roosevelt recomendando que se fizesse a bomba atómica (…) ”.