fim a agressao ao iemen 1 20181125 1589393376

Após quase quatro anos de uma brutal agressão militar contra o Iémen, o conflito naquele país do Médio Oriente permanece sem solução à vista, prosseguindo os criminosos bombardeamentos contra os campos de deslocados e outros alvos civis, a par do desumano bloqueio terrestre, naval e aéreo que impede o abastecimento de alimentos e medicamentos, agravando a catástrofe humanitária que se abateu sobre 22 milhões de seres humanos, cenário dantesco que o Comité Internacional da Cruz Vermelha e as Nações Unidas já reconheceram ser «a maior crise humanitária do mundo».

O Conselho Português para a Paz e a Cooperação (CPPC) lembra que a bárbara agressão militar contra o Iémen, liderada pela Arábia Saudita e que inclui uma ampla coligação de exércitos pertencentes aos regimes ditatoriais daquela região, apoiados activamente pelos EUA e as grandes potências da UE, como a França e o Reino Unido, foi “justificada” como sendo uma «guerra humanitária», necessária para «proteger civis» de um pretenso conflito interno entre forças iemenitas opositoras. Mas do que verdadeiramente se trata nesta campanha militar, que também integra grandes contingentes de mercenários, desencadeada contra um país soberano, é a tentativa, aliás declarada, em esmagar a resistência do movimento popular Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente e velho aliado colaboracionista, Abd Rabbuh Mansur Hadi, que se encontra exilado em Riade, na Arábia Saudita. Com isso os principais países agressores visam assegurar o controlo da região e, em particular, o reforço do domínio no Médio Oriente.

De facto, são os interesses geoestratégicos e a competição feroz pelo domínio dos recursos naturais, nomeadamente das imensas reservas de combustíveis fósseis, dos mercados, das rotas comerciais e de transporte de matérias-primas energéticas, mas também os grandes negócios do armamento – como o que foi acordado entre a Arábia Saudita e os EUA no valor de centenas de milhar de milhões de dólares –, que alimentam a continuação da guerra imposta ao Iémen, assente num infame e infindável cortejo de crimes e violações do direito internacional.

O CPPC denuncia e condena o monstruoso crime perpetrado pela Arábia Saudita e os países coligados na agressão militar contra o povo iemenita, de que já resultaram dezenas de milhar de mortes, dois terços dos quais civis, e mais de 50 mil estropiados.
Denunciamos e condenamos o massacre indiscriminado sobre populações indefesas, os bombardeamentos continuados sobre bairros residenciais, hospitais, escolas e outros edifícios públicos, a que nem sequer escapam locais históricos e de culto, bem assim sobre infraestruturas diversas, como sistemas de captação e de tratamento de água.

Num país com 29 milhões de habitantes, 80% da população necessita de ajuda alimentar e um terço sofre doenças provocadas pela fome extrema e outras privações, ou doenças decorrentes da contaminação de águas e de ambientes insalubres. Só no ano passado um milhão de pessoas foi infectada com o vírus da cólera. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), 1,8 milhões de crianças iemenitas sofrem diariamente de má nutrição. Recentemente, a UNICEF no Médio Oriente e Norte de África, informou que «o Iémen é hoje um inferno na terra para as crianças. Um inferno não para 50-60% das crianças, mas para cada rapaz e rapariga que vivem no Iémen», acrescentando, ainda, que «trinta mil crianças com idades inferiores a cinco anos morrem todos os anos no Iémen de doenças que têm a má-nutrição na sua origem» e que «uma criança morre, a cada dez minutos, de doenças facilmente evitáveis».

O CPPC defende o fim da agressão contra o Iémen, o que passa por parar imediatamente os bombardeamentos e quaisquer acções militares, assim como o levantamento do criminoso bloqueio e de quaisquer restrições ao abastecimento de alimentos, roupas e medicamentos e, por outro lado, a abertura urgente de negociações com vista a uma solução política para o conflito, mediada pelas Nações Unidas que respeite a soberania e integridade territorial do Iémen.
O CPPC considera que se exige, do Governo Português, a clara condenação da guerra de agressão contra o Iémen, e que este deve pugnar, nas instituições internacionais em que participa, pela defesa do direito internacional e dos princípios da Carta das Nações Unidas.

O Conselho Português para a Paz e a Cooperação considera muito preocupante para a paz e a segurança internacionais a situação extremamente perigosa que se está a viver no Médio Oriente, região marcada pela manutenção de guerras de agressão e pelo agravamento da tensão e escalada militarista e de profundo desrespeito e violação da Carta das Nações Unidas, razões poderosas para que seja prosseguida uma acção decidida e perseverante em defesa da paz, do desarmamento e da cooperação entre os povos.

Direcção Nacional do CPPC