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O Apelo "Parar a guerra! Dar uma oportunidade à Paz", lançado pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), visando a realização de concentrações em defesa da Paz, foi apoiado por diversas organizações, tendo sido realizadas, pelo país, seis iniciativas públicas.
Iniciou-se em Viseu, no dia 11 de fevereiro, e terminou no Porto no passado dia 18 de fevereiro, depois de, no dia 16, se terem realizado concentrações em Lisboa, Évora e Setúbal e, dia 17, uma concentração em Corroios e um cordão humano em Coimbra.
Em diversos locais, muitas centenas de pessoas apoiaram a urgência de pôr fim à guerra e abrir caminho para a negociação.
Por todo o lado se afirmou que a guerra e as sanções causam sofrimento aos povos e só servem os poderosos: os grupos económicos do armamento, da energia, dos combustíveis e da alimentação.
É preciso pôr-lhes fim e insistir na diplomacia e na negociação - envolvendo EUA, UE e NATO e os outros intervenientes no conflito, desde logo a Federação Russa - não apenas para pôr fim à guerra, que há quase nove anos se trava na Ucrânia e que nunca deveria ter começado, mas para concretizar avanços ao nível do desanuviamento das relações internacionais e do desarmamento. Só assim a paz será justa e duradoura.
Também as guerras e conflitos que se travam na Palestina, no Iémen, na Síria e no Sara Ocidental foram evocados exigindo-se igualmente soluções negociadas na defesa da paz.
Em todo o lado, os amantes da paz proclamaram "Paz sim! Guerra não!"
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Conhece a intervenção do CPPC:
"Estimados amigos e amigas,
Saudamos todos quantos se associaram ao apelo para estar de novo na rua, convergindo na exigência da paz, tal como fizemos em Março, Junho e Outubro do ano passado.
Prosseguimos nesta tão importante e necessária acção para exigir que seja dada uma oportunidade à paz.
Queremos afirmar bem alto e levar o mais longe possível que dar uma oportunidade à paz é parar a confrontação e guerra, seja na Palestina, no Sara Ocidental, na Síria, no Iémen ou na Ucrânia, e pôr fim às trágicas consequências e sérios perigos que comportam.
Sim, estimados amigos e amigas, vivemos tempos em que é necessário reafirmá-lo quantas vezes o necessário para aumentar o número dos que se indignam e insurgem face à apologia da guerra, à deturpação da verdade, à instigação do ódio, constantemente propagandeadas nos meios de comunicação social.
Em Março do ano passado, saímos à rua em defesa da paz, recordando que a guerra na Ucrânia não começara em Fevereiro, com a intervenção militar da Rússia, mas que durava já há oito anos, desde o golpe de Estado em Fevereiro de 2014, causando cerca de 15 mil mortos e uma enorme destruição na região do Donbass.
O próprio Secretário-Geral da NATO admitiu que os países que integram este bloco político- militar apoiam financeira e militarmente a Ucrânia, desde o início da guerra há nove anos, e que este apoio militar tem vindo a aumentar ao longo de todos estes anos.
Há muito que o conflito na Ucrânia saiu do quadro do direito internacional e é fulcral que a ele retome quanto antes. Há que pôr fim à guerra. Mas não se põe fim à guerra insistindo no caminho que conduziu a ela. A escalada de guerra, a corrida armamentista, o incremento do militarismo, o aumento da confrontação não são o caminho para alcançar a paz, a que os povos aspiram e têm direito.
Desde o primeiro momento que defendemos uma solução política negociada para o conflito, com base no respeito pela democracia, pelas liberdades, pelo direito dos povos a decidirem o seu futuro, de forma a garantir a paz na Ucrânia e na Europa.
É urgente pôr fim à guerra. É necessário abrir um caminho de negociação entre os EUA, a NATO, a União Europeia e os outros intervenientes no conflito, nomeadamente a Rússia.
Por isso, exigimos o fim das medidas incendiárias que lançam mais achas para a fogueira, animando a continuação da guerra, à custa de mais morte, sofrimento e destruição, de milhões de deslocados e de refugiados.
Por isso denunciamos a hipocrisia daqueles que, utilizando a Ucrânia e à custa do povo ucraniano, há muito fomentam a confrontação e o conflito na Europa, e que agora procuram esconder as suas profundas responsabilidades no eclodir e agravar desta guerra.
Daqueles que, a pretexto de uma guerra que provocaram e que continuam a instigar, têm vindo a enviar cada vez mais e mais sofisticado material bélico, tudo fazendo para boicotar os esforços para uma solução política, demonstrando que não têm intenções de abrir caminho à paz.
Daqueles que, a pretexto de uma guerra que provocaram e que continuam a instigar, continuam a aplicar mais e mais sanções, mesmo sabendo que os seus pesados custos estão a ser suportados pelos trabalhadores e os povos da Europa, incluindo pelos trabalhadores e povo português.
Daqueles que, a pretexto de uma guerra que provocaram e que continuam a instigar, enchem os bolsos dos especuladores, dos grandes grupos económicos da indústria de armamento, da energia, do sector financeiro e alimentar, com milhares de milhões de lucros obscenos, enquanto a grande maioria empobrece.
A cada dia que passa, vemos quem ganha com a confrontação e a guerra, com a corrida armamentista, com as sanções; vemos quem lucra à custa do sofrimento dos povos, particularmente do povo ucraniano; vemos quem lucra com o agravamento das condições de vida.
As grandes empresas de armamento dos EUA exportaram acima dos 200 mil milhões de dólares em 2022.
As grandes multinacionais petrolíferas, BP, Chevron, ExxonMobil e Shell, arrecadaram lucros recorde, na ordem dos 150 mil de milhões.
Em Portugal, os grandes grupos económicos também aumentaram exponencialmente os seus lucros, como:
A GALP, com cerca de mil milhões de lucros.
A EDP, com mais de seiscentos milhões de lucros.
Ou a SONAE e a Jerónimo Martins, com mais de quatrocentos milhões de lucros.
Há que parar o negócio da guerra e das sanções à custa do sofrimento e do agravamento das condições de vida dos povos.
Há que dar uma oportunidade à paz!
Uma paz duradoura só será possível travando o curso de militarização das relações internacionais, travando o alargamento e o reforço dos blocos político-militares, como a NATO, travando a corrida aos armamentos.
Uma paz duradoura passa pela recuperação de tratados e acordos de controlo de armamentos, abandonados, um após outro, pelos EUA, durante as últimas décadas.
Recuperando e criando novos acordos e tratados de controlo e redução de armamentos que sejam verdadeiramente respeitados e não apenas utilizados para ganhar tempo de preparação para a guerra, tal como foi admitido por Ângela Merkl e François Hollande relativamente aos acordos de Minsk, que poderiam ter aberto o caminho para a paz na Ucrânia, em 2014, e que foram premeditadamente boicotados durante oito anos.
É necessário percorrer um verdadeiro caminho de diálogo, de desanuviamento das relações internacionais, de desarmamento.
É urgente um amplo e interventivo movimento em favor da paz, que exija o cumprimento dos princípios de soberania, segurança mútua e cooperação na Europa adotados, em 1975, na Acta Final da Conferência de Helsínquia.
A paz, justa e duradoura, a que queremos dar uma oportunidade, exige também a rejeição e repúdio de todas e quaisquer expressões de fascismo e de xenofobia.
O respeito dos direitos, a solidariedade, a amizade entre os povos da Europa e do mundo, devem prevalecer face a divisões e confrontos artificialmente criados e ao negócio da guerra, expressões de criminosos e obscuros interesses, contrários aos dos povos.
Portugal deve ter um papel ativo na construção da paz. Por isso, instamos o Governos português a assumir uma posição soberana em defesa da paz, e não posições seguidistas da política belicista que nos trouxe até aqui.
Apelamos ao Governo português que deixe de alinhar com aqueles que apostam na eternização do conflito, no prolongamento da guerra, no agravamento das tensões, subjugando-se a interesses que nada têm a ver com os interesses do povo português.
No ano em que se iniciam as celebrações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, reiteramos a importância da Constituição da República Portuguesa, instrumento que deve determinar o posicionamento internacional de Portugal.
É a Constituição que no seu artigo 7.º defende a solução pacífica dos conflitos internacionais - não a escalada de guerra.
É ela que consagra a não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados – e não a promoção de golpes de Estado e o apoio a forças xenófobas e fascizantes.
É ela que reclama a dissolução dos blocos político-militares – e não o seu alargamento e reforço como acontece com o crescente belicismo da NATO e dos seus aliados.
É a Constituição da República Portuguesa, expressão da aspiração e conquista da paz pelo povo português na Revolução de Abril, que aponta ao desarmamento geral, simultâneo e controlado – e não à corrida aos armamentos.
É ela que aponta para a cooperação entre os povos visando a emancipação e o progresso da humanidade – e não o acentuar de diferenças e divisões com base na nacionalidade, na língua, na etnia ou na religião.
Insistiremos que a solução para os conflitos está no cumprimento dos princípios consagrados na Carta das Nações Unidas, num rumo que garanta a toda a Humanidade a justiça, a segurança e direitos, incluindo o direito que os povos têm de viver em paz.
As ações que estamos a realizar pelo país durante esta semana, não são o princípio de um caminho, como não são o fim. Lutámos, lutamos e lutaremos pela Paz, com determinação, confiança e coragem.
A luta continua, para parar a guerra e dar uma oportunidade à paz!"